A reconstituição das fundações, estabilização da estrutura, recuperação e conservação dos ambientes serão executados no prazo de 12 meses
A Superintendência do IPHAN na Bahia assinou hoje (17) a ordem de serviço para a elaboração dos projetos básico e executivo e a execução da obra para a reconstituição das fundações, estabilização da estrutura, recuperação e conservação dos ambientes no Forte de São Marcelo, um dos principais cartões postais do Estado, localizado na Baía de Todos os Santos. O projeto será financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas e envolverá um montante de R$ 7,6 milhões.
As
obras serão executadas pela empresa Ônix Construções S.A., vencedora da
licitação realizada pelo IPHAN em Regime Diferenciado de Contratações Públicas
(RDC), que terá o prazo de 12 meses consecutivos para a execução das
obras/serviços, incluída a elaboração de projetos básicos e executivos. A
empresa deve providenciar nos próximos dias a mobilização do canteiro e todo o
trabalho será acompanhado pela Coordenação Técnica do IPHAN-BA.
“Fechado
desde 2011, o Forte São Marcelo, um dos exemplares mais expressivos das
fortificações do Brasil Colônia, necessita urgentemente de socalque nas suas
fundações e enrocamento de proteção para continuar testemunhando a nossa
memória. Se não receber esses cuidados, o seu anel externo vai ruir e,
subsequentemente, o resto”, destaca o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos
Amorim. A proposta de intervenção pretendida caracteriza-se pela preservação da
“caixa mural” histórica da construção, composta pelas paredes internas,
muralhas externas, terraços e pela recuperação do seu interior. “A nova
construção será efetuada in loco, compostos por elementos contemporâneos e
claramente distinguidos da construção histórica”, afirma Amorim.
Um dos dois únicos
exemplares em todo o mundo, o Forte São Marcelo encontra-se em precárias
condições de conservação e sofre risco de instabilidade, devido a possibilidade
de colapso estrutural da muralha que compõe o anel de contenção da edificação
do perímetro da fortaleza. O monumento receberá obras na estrutura, no sistema hidrossanitário com
instalação de filtro anaeróbico, além da reconstituição da fundação da
fortaleza, que corresponde à muralha periférica. Os serviços serão subdivididos
em zona submersa, zona de influência da maré e zona acima da linha da maré,
além da recuperação estrutural das abóbadas (de aresta e de berço) que compõem
a cobertura das celas que correspondem ao caminho de ronda do pavimento. Também
serão recuperados os ambientes internos, a pavimentação da praça das armas, o
píer de acesso, as passarelas de servidão, o caminho de ronda, restauração das
esquadrias, revisão das instalações elétricas e hidrossanitárias.
Espera-se
que, com a realização das intervenções até o final de 2015, seja garantida a
integridade física da edificação tombada, bem como a segurança do imóvel
protegido, possibilitando sua reabertura e seu retorno ao cenário turístico. A
ideia é que o Forte São Marcelo abrigue um restaurante com um espaço multiuso,
além de um centro de referência da memória do próprio Forte do Mar, como também
é conhecido.
Elevada relevância arquitetônica
O Forte São Marcelo, situado
na Baía de Todos os Santos, em Salvador, conta com uma localização
privilegiada, tanto do ponto de vista urbano como do ponto de vista geográfico.
É um dos monumentos de maior destaque do ponto de vista panorâmico da Cidade
Alta e, conjuntamente com o Mercado Modelo, Rampa do Mercado, Monumento aos
Povos, Elevador Lacerda e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia integram
o conjunto de monumentos de elevada relevância arquitetônica localizada na Cidade
Baixa e adjacentes à zona portuária de Salvador.
A justificativa da sua construção
foi aumentar as defesas da cidade ante a ameaça de uma nova invasão holandesa,
em 1650. Sua função era impedir a entrada no porto, cruzando fogo com os fortes
de São Francisco, São Felipe e São Paulo da Gamboa.
Sua planta, aproximadamente
circular, é constituída por um torreão central envolvido por um anel de igual
altura formado pelo terrapleno perimetral e quartéis. Sua construção, iniciada
pelo engenheiro francês Felipe Guiton e continuada pelo seu conterrâneo o
engenheiro Pedro Garcin, é em cantaria de arenito até a linha de água e o
restante em alvenaria de pedra irregular. Possui teto em abóboda de berço e, no
seu interior, podem ser encontrados bancos embrechados de conchas.
Erguido sobre um pequeno banco de
arrecifes a cerca de 300 metros da costa, fronteiro ao Centro Histórico de
Salvador, destaca-se por se encontrar dentro das águas, como o Forte Tamandaré
da Laje, no Rio de Janeiro, e ser o único de planta circular no país, inspirado
no Castelo de Santo Ângelo (Itália) e na Torre do Bugio (Portugal). Foi
inscrito nos Livros de Belas Artes e Histórico, em 25 de maio de 1938.
Fonte:
Ascom – IPHAN - BA