sábado, 25 de janeiro de 2014

IPHAN aprova tombamento definitivo do Terreiro de Candomblé Ilê Axé Oxumaré, em Salvador


Casa de Oxumaré, sob os mais variados aspectos, constitui-se um dos mais relevantes templos da cultura afro-brasileira.

Considerado um dos mais antigos centro de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande reconhecimento social, o Terreiro de Candomblé Ile Axé Oxumaré teve seu tombamento definitivo aprovado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Trata-se do conjunto destinado às práticas religiosas, localizado na Avenida Vasco da Gama, nº 343, Federação, Salvador, com comprovada e duradoura tradição na Bahia, já declarada “Território Cultural Afro-Brasileiro”.



A solicitação de tombamento do Ylê Axé Oxumarê foi feita em 18 de setembro de 2002, pelo sacerdote Babalorixá Agoensi Danjemin, supremo dirigente do Ylê Oxumarê e pelo presidente da Sociedade Cultural Religiosa São Salvador – Ylê Oxumarê, Silvanilton Encarnação da Mata.

Para o Superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, “o tombamento da Casa de Oxumaré – Ilê Oxumaré Araká Ogodô, independe de recomendações; se impõe como um reconhecimento a sua dinâmica ancestral e ao seu vivo testemunho presente como indubitável patrimônio cultural do Brasil”. No seu parecer, ele manifestou ser favorável a sua inscrição nos livros do Tombo Histórico e no Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

A preservação de templos e locais sagrados da cultura afro-brasileira é coisa recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos livros de tombo oficiais. “As novas políticas públicas de preservação revelam um processo de amadurecimento das instituições federais na gestão dos bens da cultura afro-brasileira e, por outro, um maior envolvimento das comunidades religiosas”, destaca o superintendente Carlos Amorim.

Só na cidade de Salvador há mais de mil sedes de cultos afro-brasileiros. Nem todos os templos afro-brasileiros precisam ser tombados pelo IPHAN, para terem o seu valor cultural reconhecido. “O tombamento não é política de reparação pura e simples. O tombamento tem sua lógica e suas regras preciosas, sob a vigência do Decreto-Lei no. 25/1937”, ressalta Amorim

Oxumarê é simbolo da riqueza

A Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações, que o santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os orixás correspondem a ancestrais divinizados e que correspondem às forças da natureza. Portanto, seus arquétipos estão diretamente relacionados às manifestações dessas forças.

Segundo a tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris, que representa a união entre o céu e a terra, o equilíbrio entre os orixás e os homens. É uma divindade muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do ciclo vital. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.

O dia da semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas cores são o amarelo e o verde (ou preto), além das cores do arco-íris; seus símbolos são o Ebiri (espécie de vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras), a serpente, o círculo e o bradjá (colar de búzios); e sua saudação é: A Run Boboi!!!

Foto: Divulgação – Terreiro Oxumaré
Fonte: ASCOM – IPHAN - Ba