Casa de Oxumaré, sob
os mais variados aspectos, constitui-se um dos mais relevantes templos da
cultura afro-brasileira.
Considerado
um dos mais antigos centro de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande reconhecimento
social, o Terreiro de Candomblé Ile Axé Oxumaré teve seu tombamento definitivo
aprovado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). Trata-se do conjunto destinado às práticas
religiosas, localizado na Avenida Vasco da Gama, nº 343, Federação, Salvador,
com comprovada e duradoura tradição na Bahia, já declarada “Território Cultural
Afro-Brasileiro”.
A
solicitação de tombamento do Ylê Axé
Oxumarê foi feita em 18 de setembro de 2002, pelo sacerdote Babalorixá Agoensi Danjemin, supremo
dirigente do Ylê Oxumarê e pelo
presidente da Sociedade Cultural Religiosa São Salvador – Ylê Oxumarê, Silvanilton Encarnação da Mata.
Para
o Superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, “o tombamento da Casa de
Oxumaré – Ilê Oxumaré Araká Ogodô, independe de recomendações; se impõe como um
reconhecimento a sua dinâmica ancestral e ao seu vivo testemunho presente como
indubitável patrimônio cultural do Brasil”. No seu parecer, ele manifestou ser
favorável a sua inscrição nos livros do Tombo Histórico e no Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico.
A
preservação de templos e locais sagrados da cultura afro-brasileira é coisa
recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos livros de tombo
oficiais. “As novas políticas públicas de preservação revelam um processo de
amadurecimento das instituições federais na gestão dos bens da cultura
afro-brasileira e, por outro, um maior envolvimento das comunidades
religiosas”, destaca o superintendente Carlos Amorim.
Só
na cidade de Salvador há mais de mil sedes de cultos afro-brasileiros. Nem
todos os templos afro-brasileiros precisam ser tombados pelo IPHAN, para terem
o seu valor cultural reconhecido. “O tombamento não é política de reparação
pura e simples. O tombamento tem sua lógica e suas regras preciosas, sob a
vigência do Decreto-Lei no. 25/1937”, ressalta Amorim
Oxumarê é simbolo da
riqueza
A
Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações,
que o santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os orixás correspondem a
ancestrais divinizados e que correspondem às forças da natureza. Portanto, seus
arquétipos estão diretamente relacionados às manifestações dessas forças.
Segundo
a tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a
serpente-arco-íris, que representa a união entre o céu e a terra, o equilíbrio
entre os orixás e os homens. É uma divindade muito antiga, participou da
criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma
ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em
movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande
cobra que morde a cauda, representando a continuidade do ciclo vital. Sua
essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.
O
dia da semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas cores são o amarelo e o
verde (ou preto), além das cores do arco-íris; seus símbolos são o Ebiri (espécie de vassoura feita com
nervuras das folhas das palmeiras), a serpente, o círculo e o bradjá (colar de búzios); e sua saudação
é: A Run Boboi!!!
Foto:
Divulgação – Terreiro Oxumaré
Fonte:
ASCOM – IPHAN - Ba