sábado, 25 de janeiro de 2014

Teatro Castro Alves teve seu tombamento definitivo aprovado pelo Conselho Consultivo do IPHAN


Inaugurado em 1967, ocupa lugar de destaque na vida do país, com sua missão cultural. É baiano e nacional. Soube ser, simultaneamente, local e universal.

O mais frequentado equipamento cultural do Estado da Bahia e um dos teatros mais importantes do Brasil, o Teatro Castro Alves (TCA) teve seu tombamento definitivo aprovado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Situado na principal praça da capital - o Campo Grande - este belo monumento evoca as lutas gloriosas da Independência da Bahia e foi fruto das ideias desenvolvimentistas do Governador Antônio Balbino. O nome do teatro “Castro Alves” foi em homenagem ao "Poeta dos Escravos".



O superintendente do IPHAN, na Bahia, Carlos Amorim, emitiu manifestação favorável ao tombamento do TCA, apoiado pelo arquiteto Nivaldo Vieira Andrade Júnior, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Ba. “Seja pelo seu valor histórico; como marco da arquitetura moderna brasileira e como palco privilegiado de acontecimentos culturais que marcaram a história recente do Brasil, seja pelos seus valores estéticos, em especial a singularidade da sua arquitetura que se tornou referência nacional e internacional. O Teatro Castro Alves deve ser integrado ao patrimônio nacional através de seu tombamento”, disse Amorim. “É indiscutível a pertinência do tombamento do Teatro Castro Alves pelo IPHAN, por ser um exemplar representativo da arquitetura moderna no Brasil e pelo seu valor para as artes”, acrescentou.

Um teatro-origami

Inteiramente dedicado à música, dança e artes cênicas, o projeto arquitetônico do TCA, com sua armação do origami gigante, como que feito de dobras geométricas de uma peça de papel, foi executado pelo arquiteto José Bina Fonyat Filho, com a colaboração do engenheiro Humberto Lemos Lopes, durante o governo do médico Luis Régis Pacheco. O edifício guarda em sua forma arquitetônica uma série de elementos que lhe garantiram o destaque que ele detém dentro da arquitetura brasileira do século XX. Compõem o complexo cultural do TCA a Sala Principal, com capacidade de abrigar 1.554 espectadores; Sala do Coro, comporta até 201 espectadores; e a Concha Acústica, além de albergar até 5.500 pessoas, em cada um dos seis camarotes comportam 25 pessoas, servidos por uma estrutura de apoio com bar e sanitários.

Mesmo antes da inauguração programada (1958), e depois de obter uma menção honrosa na Primeira Bienal de Artes Plásticas (SP-1957), um terrível incêndio comprometeu a obra. Queimado, o edifício denunciou sua simplicidade: numa extremidade, uma grande caixa fechada para o palco e apoio (coxia); e na outra, uma lâmina baixa e  para o foyer. O incêndio na madrugada do dia 12 de julho, o destruiu quase por completo, tendo escapado apenas o seu vestíbulo ou foyer.

No foyer preservado, foi logo instalado (1960-1963) o Museu de Arte Moderna da Bahia, originalmente dirigido por Lina Bo Bardi.  De modo que, mesmo antes das artes cênicas, foram as artes plásticas que tomaram conta do complexo cultural. E o foyer se impôs, com as reveladoras mostras de Carybé, Mário Cravo, Emanuel Araújo, entre tantos outros artistas locais e internacionais. Pouco a pouco, o complexo foi ocupado, constituindo-se num verdadeiro centro de produção e reflexão cultural. Recuperado, foi finalmente inaugurado em 1967. Desde então, o Teatro Castro Alves –  assumindo lugar de destaque na vida do país – cumpre com sua missão cultural.

Entre tantos que lá passaram pelo maior e mais importante centro artístico de Salvador, se destacam as pessoas de Raul Seixas e Marcelo Nova, Gilberto Gil, Chico Buarque, João Gilberto, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Flávio Venturini, Paulo Autran, Montserrat Caballé, Mikhail Baryshnikov, os Balés Bolshói e Kirov, o maestro ZubinMetha e a Filarmônica de Israel.

Foto: TCA – Adenor Gondim
Fonte: ASCOM – IPHAN - Ba