Trata-se do
conjunto destinado às práticas religiosas com comprovada e duradoura tradição
na Bahia
Publicado hoje (10), no Diário Oficial da União (DOU), o
tombamento da Casa de Oxumaré - Ilê Oxumaré Araká Ogodô, considerado um dos
mais antigos centro de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande
reconhecimento social. Trata-se do conjunto destinado às práticas religiosas,
localizado na Avenida Vasco da Gama, nº 343, Federação, Salvador, com
comprovada e duradoura tradição na Bahia, já declarada “Território Cultural
Afro-Brasileiro”.
O tombamento definitivo Ile Axé Oxumaré foi aprovado em novembro
do ano passado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). A solicitação foi feita em 18 de setembro de 2002,
pelo sacerdote Babalorixá Agoensi
Danjemin, supremo dirigente do Ylê
Oxumarê e pelo presidente da Sociedade Cultural Religiosa São Salvador – Ylê Oxumarê, Silvanilton Encarnação da
Mata.
É o sétimo terreiro de candomblé protegido pelo Iphan, o que reafirma a postura da
instituição na consolidação de um conceito sobre o Patrimônio Cultural, que
inclui todas as manifestações que contribuíram para a formação da identidade
nacional ao longo dos séculos e envolve a sociedade na gestão deste
patrimônio. Os terreiros já tombados
pelo IPHAN são Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha,
na Bahia em Salvador, e a Casa das Minas Jejê, em São Luís (MA).
Só na cidade de Salvador há mais de mil sedes de cultos
afro-brasileiros. Mas, o Superintendente do IPHAN-BA, Carlos Amorim, afirma que
nem todos esses templos precisam ser tombados pelo IPHAN para terem o seu valor
cultural reconhecido. Ele ressalta que a preservação de templos e locais
sagrados da cultura afro-brasileira é recente e se limitou, nos últimos 25
anos, à inscrição nos livros de tombo oficiais. No entanto, “as novas políticas
públicas de preservação revelam um processo de amadurecimento das instituições
federais na gestão dos bens da cultura afro-brasileira e um maior envolvimento
das comunidades religiosas”, conclui.
Oxumarê é
símbolo da riqueza
A Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que
geram as transformações, que o santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os
orixás correspondem a ancestrais divinizados e que correspondem às forças da
natureza. Portanto, seus arquétipos estão diretamente relacionados às
manifestações dessas forças.
Segundo a tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da
continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris, que representa a união
entre o céu e a terra, o equilíbrio entre os orixás e os homens. É uma
divindade muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da
terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla
e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou
seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a
continuidade do ciclo vital. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a
continuidade da vida.
O dia da semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas
cores são o amarelo e o verde (ou preto), além das cores do arco-íris; seus
símbolos são o Ebiri (espécie de
vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras), a serpente, o círculo e
o bradjá (colar de búzios); e sua
saudação é: A Run Boboi!!!
Fonte: Ascom – IPHAN - BA