quinta-feira, 10 de julho de 2014

Publicado no DOU o tombamento da Casa de Oxumaré

 
Trata-se do conjunto destinado às práticas religiosas com comprovada e duradoura tradição na Bahia 
 

Publicado hoje  (10), no Diário Oficial da União (DOU), o tombamento da Casa de Oxumaré - Ilê Oxumaré Araká Ogodô, considerado um dos mais antigos centro de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande reconhecimento social. Trata-se do conjunto destinado às práticas religiosas, localizado na Avenida Vasco da Gama, nº 343, Federação, Salvador, com comprovada e duradoura tradição na Bahia, já declarada “Território Cultural Afro-Brasileiro”.


 
O tombamento definitivo Ile Axé Oxumaré foi aprovado em novembro do ano passado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A solicitação foi feita em 18 de setembro de 2002, pelo sacerdote Babalorixá Agoensi Danjemin, supremo dirigente do Ylê Oxumarê e pelo presidente da Sociedade Cultural Religiosa São Salvador – Ylê Oxumarê, Silvanilton Encarnação da Mata.

 
É o sétimo terreiro de candomblé protegido pelo Iphan, o que reafirma a postura da instituição na consolidação de um conceito sobre o Patrimônio Cultural, que inclui todas as manifestações que contribuíram para a formação da identidade nacional ao longo dos séculos e envolve a sociedade na gestão deste patrimônio.  Os terreiros já tombados pelo IPHAN são Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha, na Bahia em Salvador, e a Casa das Minas Jejê, em São Luís (MA).

 
Só na cidade de Salvador há mais de mil sedes de cultos afro-brasileiros. Mas, o Superintendente do IPHAN-BA, Carlos Amorim, afirma que nem todos esses templos precisam ser tombados pelo IPHAN para terem o seu valor cultural reconhecido. Ele ressalta que a preservação de templos e locais sagrados da cultura afro-brasileira é recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos livros de tombo oficiais. No entanto, “as novas políticas públicas de preservação revelam um processo de amadurecimento das instituições federais na gestão dos bens da cultura afro-brasileira e um maior envolvimento das comunidades religiosas”, conclui.

 
Oxumarê é símbolo da riqueza

 
A Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações, que o santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os orixás correspondem a ancestrais divinizados e que correspondem às forças da natureza. Portanto, seus arquétipos estão diretamente relacionados às manifestações dessas forças.

 
Segundo a tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris, que representa a união entre o céu e a terra, o equilíbrio entre os orixás e os homens. É uma divindade muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do ciclo vital. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.

 
O dia da semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas cores são o amarelo e o verde (ou preto), além das cores do arco-íris; seus símbolos são o Ebiri (espécie de vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras), a serpente, o círculo e o bradjá (colar de búzios); e sua saudação é: A Run Boboi!!!

 
Fonte: Ascom – IPHAN - BA