Todo
o seu acervo artístico e sua monumentalidade levam o templo a ser considerado
como a mais importante construção sacra do Brasil colonial
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) vai realizar obras de restauração num dos monumentos barrocos mais importantes do Centro Histórico de Salvador, a Catedral Basílica.
Com recursos do PAC Cidades Históricas, a intervenção, que terá início ainda no
primeiro trimestre de 2015, contempla a execução de obras de restauro dos bens
integrados e das imagens de Arte Sacra, guardadas no interior da igreja, além
de requalificar os espaços internos. Também serão efetuados serviços para
assegurar a conservação do monumento, a exemplo reparos gerais na cobertura, instalações elétricas, impermeabilizações e
tratamentos, pintura. O prazo
máximo de execução dos serviços é de 18 (dezoito) meses, a partir da expedição da
ordem serviços.
A
Catedral Basílica, que pertence à Arquidiocese de São Salvador da Bahia, foi
individualmente tombada pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Nacional em 25 de
maio de 1938 e o tombamento inclui todo o seu acervo, um dos mais valiosos do
Brasil. No templo há 13 altares, sendo os dois primeiros construídos em estilo
renascentista maneirista, de 1650. O altar mor é de 1670. O projeto
arquitetônico é do irmão Francisco Dias, que chegou a Salvador em 1577. A
fachada é toda em pedras de lioz, importadas de Portugal. Nos nichos sobre as
portas estão as imagens de três santos jesuítas: Santo Inácio de Loyola, São
Francisco Xavier e São Francisco de Borja. Abriga peças do mobiliário do século
16.
O superintendente do
IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, destacou a importância das obras, observando que
a Catedral Basílica tem um valor inestimável para a cultura e a história
brasileiras, tanto pela construção em si como pelo seu acervo, que contém
algumas das mais importantes peças do período barroco. Após a realização de
diversas inspeções técnicas realizadas pelas equipes do IPHAN, verificou-se que
a maior parte do acervo de bens móveis e integrados está em estado de
conservação regular ou ruim, principalmente dos altares da capela mor e das
capelas da nave.
A capela mor tem parte
desmontada com seu acervo de bens integrados espalhados na área superior
(museu), necessitando de continuidade das intervenções e conclusão das etapas
de restauro; as capelas colaterais, as capelas dos transeptos, os conjuntos de
capelas laterais da nave (evangelho e epístola), no átrio seu forro e painéis
decorativos de azulejaria portuguesa, ambos do século XVII, os conjuntos de
pinturas nas técnicas óleo sobre tela, madeira, e a têmpera, as esculturas
sacras da coleção de imagens, todas inseridas no espaços das respectivas
capelas, também estão em péssimo estado de conservação. Adicionalmente, será
necessária a revisão da cobertura.
Licitação
em dezembro
A licitação, na
modalidade de Regime Diferenciado de Contratação Presencial, será realizada
pela Superintendência do IPHAN na Bahia no próximo dia 10 de dezembro, às 09h30 (horário
local), para contratar empresa
especializada em execução das obras de restauração desse templo de grande
relevância para o patrimônio histórico e religioso da Bahia.
A Comissão Especial de
Licitação irá receber, abrir e examinar as propostas e documentação na sede do
Instituto – Rua Visconde de Itaparica nº 08, Barroquinha, Salvador (BA). As empresas interessadas podem retirar o
edital e seus anexos gratuitamente nos endereços www.comprasnet.gov.br, no http://iphanba.blogspot.com.br/
ou também na Superintendência do IPHAN na Bahia, das 09:00 às 12:00 e das 14:00
às 17:00 horas.
A atual Catedral é a
quarta igreja e último remanescente do conjunto arquitetônico do Colégio de
Jesus. Sua planta é típica das igrejas luso-brasileiras, sendo construída sob
projeto do irmão Francisco Dias, chegado à Bahia em 1577 para construir o Colégio.
Segundo o projeto, a igreja estaria no eixo do conjunto, ladeada por dois
corpos que se organizariam a partir de um pátio.
A planta da Catedral
apresenta um transepto inscrito no retângulo da edificação e capelas laterais
interligadas com tribunas superpostas. A capela-mor é ladeada por duas capelas
e corredores que dão acesso à sacristia transversal. Sua fachada, em lioz,
procura conciliar o tradicional modelo português, com duas torres e a nova
fachada jesuítica com volutas e sem torres.
Destacam-se no seu
interior, a sacristia, os retábulos de diferentes períodos nas capelas e o
forro em caixotão da nave. Quanto ao antigo colégio, um dos pátios foi
destruído pelo fogo em 1801, instalando-se em 1808, o Real Hospital na ala que
restara. Novo incêndio, em 1905, consumiu o edifício que foi reerguido em
estilo eclético para abrigar a Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira do
país, aí instalada desde 1833.
Fotos: Reprodução
Texto: Ascom - IPHAN - Ba