segunda-feira, 8 de junho de 2015

VIDA AO IPHAN: Sete monumentos são restaurados no Centro Histórico de Salvador


MIUDINHAS GLOBAIS DO SITE BAHIA JÁ, COM TASSO FRANCO


   1. Segmentos da oposição e 'ativistas caviar' têm criticado a derrubada de algumas casas e sobrados nas ladeiras da Montanha e da Preguiça, nada de valor histórico representativo, ainda que se tivessem recursos para reformá-los seria o ideal. O Iphan admite que existem 100 casarões em estado de pré-ruína no Centro Histórico de Salvador e caberia aos seus proprietários restaurá-los.

   2. Essa é uma questão que se arrasta há centurias na capital baiana e as providências são minimas. Muitos dos proprietários preferem deixar os casarões ruírem a fazerem investimentos do seu bolso. Na Ladeira da Conceição da Praia existem pelo menos uns 5 ou 6 casarões nessas condições. Um deles, inclusive já está com o mato saindo pelas janelas há muitos anos.

   3. É emblemática a queda dos casarões 32 e 34 do corredor da Conceição da Praia, sitos, ao lado direito da Basílica da Conceição. Depõe contra qualquer bom senso, assusta os turistas, deprime, revela o abandono de parte do Centro Histórico de Salvador. Ainda assim, com esses percalços e a histórica falta de verbas para o Iphan o instituto investe, hoje, algo em torno de R$70 milhões na recuperação de 7 monumentos e espera no total R$143 milhões para restaurar 23 projetos.

   4. Claro que é pouco diante da dimensão do desastre. Infelizmente, o governo não enxerga o patrimônio histórico das cidades brasileiras com a mínima prioridade e investe (ou enterra) R$8.2 bilhões na transposição de águas do Rio São Francisco, quando poderia, se fosse o caso, restaurar esses prédios em Salvador. Cada qual tem sua dimensão, pero, se existe essa dinheirama para transpor águas de um rio, deve haver recursos para o Iphan.

   5. Como o que tem, o Iphan restaura a Igreja da Ordem 3ª de São Domingos de Gusmão, o Palácio Arquiepiscopal da Praça da Sé, a Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, o Forte de São Marcelo (1ª etapa), catedral basílica, casarão anexo ao Plano Inclinado Gonçalves e casarões 32 e 34 da rua da Conceição da Praia. Pode parece pouco, pero, já é alguma coisa. Há, no entanto, muito a ser feito.

   6. Desses prédios, vale lembrar que a basílica da Conceição da Praia foi a primeira igreja construída a mando de Thomé de Souza, 1º governador Geral do Brasil (1549-1553) e esta área representa o inicio da cidade nas proximidades da Ribeira do Góis, res-ao-chão da Baía de Todos os Santos, área de chegada e partida de todas as naus que levaram Salvador a ser o porto mais importante das Américas durante o período colonial até 1763, quando a sede da colônia é transferida para o Rio de Janeiro.

   7. O Palácio Arquiepiscopal é o monumento mais majestoso e bonito da Praça da Sé. Até a década de 1960, o arcebispo primaz da Bahia ainda despachava neste local. Depois passou a fazê-lo no palacete do Campo Grande onde estive algumas vezes com dom Lucas Moreira Neves na época em que era secretário de Comunicação da Prefeitura. Depois, quando ele faleceu, escrevi seu panegírico. 

   8. O palácio da Sé tem história. Os antigos bispos da Bahia chegaram a morar por lá e há uma rua que sai do São Francisco à Sé que se chama Rua do Bispo. Isso porque, os bispos andavam por essa rua até chegar ao palácio. Ao lado deste palácio está a sede do antigo Cine Excelsior e depois o prédio da Coelba onde foi o antigo Colégio dos Jesuítas, derrubado pelas 'picaretas do progresso'.

   9. Um terceiro monumento é a Igreja da Ordem 3ª de São Domingos de Gusmão. Trata-se de um conjunto belíssimo que ocupa ponta-a-ponta a linha Norte do Terreiro de Jesus. São Domingos não é um santo muito cultuado em Salvador. Em tempos idos décadas de 50/60 era num dos espaços desse templo que Cosme de Farias atendia os pobres desta cidade nas suas defesas como rábula. São Domingos é um santo muito popular na América Espanhola, especialmente em Santo Domingo ( o 1º local descoberto pelos europeus na América) e na Colômbia.

   10. A Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo recebe investimentos de R$8 milhões e é outro local admirável, ainda que pouco frequentado pelos baianos. O Forte de São Marcelo e a Catedral dispensam apresentações. Só lembrando, no entanto, o templo jesuítico da Praça da Sé é o mais representativo desta ordem na Bahia, a primeira que aqui chegou sob o comando de Manoel da Nóbrega.

   11. Então, vamos valorizar o Iphan, pois, sem ele, nascido no Brasil graças a uma ação emanada da Bahia quando da derrubada da Sé Primacial - única igreja que tinha o frontispício voltado para a Baía de todos os Santos - seria bem pior.

Foto: BJÁ

07/06/2015