As edificações são
tombados em nível federal desde 1984 e estão situadas dentro da poligonal de
preservação rigorosa
Os arcos e as muralhas da encosta, que integram
o conjunto arquitetônico, paisagístico
e urbanístico do Centro Histórico de Salvador, serão restaurados
e readequados pelo PAC Cidades Históricas. Com o objetivo de contratar os
projetos executivos, o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico na Bahia (IPHAN-BA) realizará licitação, no
dia 15 de abril.
As
edificações estão
inseridas na poligonal de tombamento do IPHAN desde 1984 e em área de proteção
rigorosa, segundo Lei Municipal.
Localizados
na Ladeira da Conceição da Praia, os arcos têm relevância histórica, e chama a
atenção seu precário estado de conservação, com destaque para o arruinamento
acelerado do revestimento externo e interno, deficiência das instalações
elétrica e hidrossanitárias, proliferação de fungos, infestação por insetos
xilófagos, trazendo por consequência insalubridade ao seu interior. Há também
graves patologias no sistema estrutural de apoio aos pisos dos mezaninos.
“A
intervenção na sua estrutura física visa proporcionar melhor atendimento à
comunidade e aos turistas no que diz respeito à sua funcionalidade e atrativo
turístico, destaca o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim. Ele
inforou que as medidas propostas pelo Instituto devem respeitar ao máximo as
características originais do monumento e promover adaptações e requalificações
dos espaços internos, possibilitando o uso das edificações com as melhorias do
mundo contemporâneo, visando a implantação de residência artística.
Já
as muralhas do Centro Histórico, localizadas nas Ladeiras da Montanha e da
Misericórdia, apresentam patologias que ainda não chegam a agravar a sua
estrutura como um todo, porém vem progredindo há anos e podem causar futuros
colapsos. Estão previstos uma intervenção de reparo de seu sistema de drenagem,
recomposição das brechas causadas pela desagregação e ação do tempo, além de
uma repaginação da vegetação presente, através de um projeto paisagístico, bem
como a criação de uma iluminação especial de toda a área.
A
muralha de contenção da encosta trata-se de um muro de arrimo em pedra bruta
com contrafortes de pedra e, em alguns trechos, estruturados em arcos. “Em vista
da situação precária em que se encontra a muralha de contenção da cidade alta
no sítio histórico, considera-se que a intervenção restaurativa deverá se
efetivar o mais breve possível para evitar perdas irreparáveis para o
patrimônio cultural”, disse Carlos Amorim.
ORIGENS
Arcos da Ladeira da Montanha
Nas primeiras décadas do século XIX, deu
início ao processo de urbanização das encostas da montanha que separa as
Cidades Alta e Baixa, visando impedir os sucessivos deslizamentos e
desabamentos nas encostas e conter sua ocupação. As obras de contenção foram
realizadas entre as décadas de 1850 e 1860, que, dentre outros benefícios,
deram forma definitiva às Ladeiras da Conceição e Misericórdia.
Essenciais
rotas de ligação entre a praia e a cumeada, as duas ladeiras eram, no entanto,
extremamente íngremes tornando árdua a subida de pessoas e animais com carga.
Em virtude disso, em 1878, optou-se pela construção de uma ladeira de
inclinação mais suave. Assim, o presidente em exercício Barão Homem de Melo
contratou os serviços da Empresa de Transportes Urbanos de Antônio de Lacerda
que, sobre a Ladeira da Conceição, e construiu os 23 arcos, feitos de pedra,
que dão sustentação à Ladeira Barão Homem de Melo - conhecida popularmente como
Ladeira da Montanha.
Originalmente
abertos, estes arcos foram ocupados aos poucos pela população local que
instalou ali pequenos comércios de solda, carpintaria, marmoraria, dentre
outros e até mesmo algumas moradias, funcionando até os dias de hoje. A última
restauração dos edifícios localizados nos Arcos da ladeira aconteceu no ano de
1991.
Muralhas do
frontispício da Cidade Alta/Cidade Baixa
As
muralhas começaram a ser construídas no dia 1º de abril de 1549, todas em taipa
de pilão, para defender a cidade de Salvador e proporcionar a segurança de seus
novos habitantes. Com o passar dos anos, os paredões foram se desenvolvendo e
ruindo em consequência da sua implantação em área sujeita a deslizamentos em
razão das abundantes chuvas.
Para
reforçar a segurança, os portugueses construíram uma nova muralha, partindo da
Misericórdia e se estendendo até a atual Praça Castro Alves. Media
aproximadamente 1100 metros, sendo 366 metros para o lado de terra; 366 metros
para o lado do mar; 99 metros para o lado do sul, vértice de conformação
triangular da cidade, e 269 metros para o lado Norte, sua base.
O
constante alargamento da cidade ao norte e ao sul obrigava o Governo a
redefinir de quando em quando os limites amuralhados da cidade, e isso vai
perdurar até o final do século XVIII, quando da derrubada definitiva das Portas
da cidade.
PAC
Cidades Históricas
Mais do
que conservar imóveis tombados, o PAC Cidades Históricas privilegiará, em
vários estados brasileiros, a recuperação de edificações destinadas às
atividades que favoreçam a vitalidade dos sítios históricos. Entre as 425 obras
beneficiadas, 115 serão em imóveis que abrigam equipamentos culturais, como
teatros, cinemas e bibliotecas, além dos 39 museus cujos edifícios também serão
recuperados pelo Programa. Serão
destinados R$ 1,6 bilhão em 44 cidades de 20 estados brasileiros.
Os projetos preveem restaurações e requalificações. A
restauração implica o conserto e reparo de estruturas e objetos desgastados
pelo uso e pelo tempo conservando suas características originais da forma mais
fiel possível. A requalificação geralmente envolve as áreas externas, como
praças e ruas, e visa agregar mais conforto, iluminação, segurança, beleza e
qualidade de vida ao espaço público.
ARCOS DA MONTANHA LOCALIZADOS NA LADEIRA DA
CONCEIÇÃO DA PRAIA
MURALHAS
DA ENCOSTA LOCALIZADAS NAS LADEIRAS DA MONTANHA E DA MISERICÓRDIA
Fonte:
Ascom - IPHAN-BA