Frevo e
samba-enredo compõem lista de 29 bens culturais com o acarajé, o queijo minas e
as panelas da moqueca capixaba
O frevo e o samba-enredo, que levam milhares de foliões às ruas
do Pais neste carnaval, são duas das dez formas de expressão que compõem o
conjunto de 29 patrimônios culturais imateriais brasileiros. A lista conta
também com dois lugares, oito celebrações e nove saberes, de acordo com o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Considerado patrimônio cultural desde 2007, o frevo surgiu no fim do
século 19 nas cidades pernambucanas de Recife e Olinda. O gênero musical surgiu
como expressão de classes populares que se consolidavam em um momento de
transição social no país, reunindo música, dança e poesia e atraindo até hoje
foliões do Brasil e do exterior a um carnaval participativo que toma conta das
ruas.
O samba-enredo, o samba de terreiro e do partido alto formam as matrizes
do samba do Rio de Janeiro, que se tornaram patrimônio cultural também em 2007.
As três formas de samba se consolidaram no início do século 20 sob influência
do jongo, do samba de roda baiano, do maxixe e da marcha carnavalesca. O
partido alto está mais ligado à criação coletiva baseada em improviso enquanto
o samba de terreiro, às rodas de samba de botequim. Já o samba-enredo foi
inventado nas rodas do bairro do Estácio de Sá e incorporado pelas escolas de
samba nos desfile de carnaval e embala a folia na Marquês de Sapucaí.
Outras oito formas de expressão são consideradas patrimônio brasileiro:
o samba de roda do Recôncavo Baiano, a roda de capoeira (BA), o fandango
caiçara (PR e SP), o tambor de crioula do Maranhão, o jongo nos Estados do
Sudeste, o toque de sinos em Minas Gerais, a arte Kusiwa (pintura corporal e
arte gráfica dos índios Wajãpi, do Amapá) e o Rtixòkò (expressão artística e
cosmológica do povo Karajá (MT, GO e TO).
Culinária
O modo de preparo de duas deliciosas iguarias brasileiras também faz
parte da lista como saberes. Um deles é o ofício das baianas do acarajé, que preparam os
bolinhos de feijão fradinho moídos em pilão de pedra e fritos no azeite de
dendê. A receita é originária da África Ocidental, trazida por escravos do
Golfo do Benin.
O outro é o modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regiões do Serro
e das serras da Canastra e do Salitre. Principal produto da agricultura
familiar mineira, ele é preparado com leite cru e o chamado pingo, fermento
lácteo natural recolhido do soro drenado do próprio queijo - que dá ao produto
final um sabor único, com características específicas, que variam segundo o
solo, o clima e vegetação.
Também associado à culinária está o ofício das paneleiras de Goiabeiras,
no Espírito Santo. Atividade tradicionalmente feminina, com técnica de origem
indígena, a fabricação artesanal das panelas de barro oferece o suporte para o
preparo da moqueca e da torta capixabas.
Outros saberes
Há mais seis saberes elencados como patrimônio: o modo de fazer
viola-de-cocho (MT e MS), o ofício de sineiro (MG), o ofício dos mestres de
capoeira (BA), o sistema agrícola tradicional do rio Negro (AM), o modo de
fazer renda irlandesa (SE) e os saberes e práticas associados ao modo de fazer
das bonecas Karajá (GO, TO).
Lugares e celebrações
Os dois lugares registrados são a cachoeira de Iauaretê, lugar sagrado
dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri, no Amazonas, e a feira de
Caruaru, em Pernambuco, que reúne saberes, fazeres, produtos e expressões
artísticas tradicionais de Pernambuco desde o fim do século 18.
Entre as celebrações, seis são religiosas: a festa do Divino de
Paraty (RJ) e a do Espírito Santo de Pirenópolis (GO), a festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim (BA),
o São
Sebastião na região do Marajó (PA), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (PA) e a
festa de Sant'Ana de Caicó (RN). O complexo cultural do bumba-meu-boi do
Maranhão e o ritual Yaokwa do povo indígena Enawene Nawe (MT) completam a
lista.
Foto: divulgação
Fonte: ig.com.br – 03/03/2014