sexta-feira, 27 de junho de 2014

Igreja São Pedro dos Clérigos recebe benção, após restauração


Nas obras empreendidas no templo, o IPHAN aplicou o montante de R$ 2 milhões.

Uma benção apostólica foi ministrada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, nesta quinta-feira (26), às 19 horas, para celebrar a entrega da Igreja São Pedro dos Clérigos, após restauração realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O templo está localizado no Terreiro de Jesus, em pleno Centro Histórico de Salvador, área considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

“É uma graça para nós essa entrega pelo IPHAN da bela Igreja São Pedro dos Clérigos, totalmente restaurada. Uma obra dessa é da sociedade e que a igreja tem a grata satisfação de cuidar desse patrimônio”, destacou Dom Murilo. “O grande desafio agora é zelar por este patrimônio. O IPHAN tratou da restauração e agora vem a responsabilidade de manter esse templo sempre em condições de receber multidões, que vão poder louvar a Deus através da beleza que se ver aqui”, acrescentou.

Segundo o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, a igreja além da sua parte estrutural, arquitetônica, tem uma quantidade de bens integrados muito grande e uma imaginária rica. “Foi uma obra gratificante, recompensadora, e a primeira que o IPHAN completa no Terreiro de Jesus. É uma obra para a história, para a sociedade brasileira, porque a Igreja é patrimônio nacional e, pelo seu valor histórico, possui dupla inscrição nos livros de tombo - no Livro de História e no Livro de Belas Artes, dada a alta qualidade do trabalho artístico aqui executado”, enfatizou.

Obras de conservação e restauração

Para garantir a preservação da integridade física e estética que compõe o monumento tombado em 1941, o IPHAN aplicou o montante de R$ 2 milhões. As obras de conservação e restauração foram realizadas em várias etapas devido ao precário estado do templo. Na primeira etapa, foram realizadas obras para sanar os pontos mais críticos e que apresentavam riscos para a edificação, como na cobertura substituição do madeiramento deteriorado pela ação de cupins e umidade, novo telhamento com grampeamento individual das telhas com fios de aço inox, assentamento de manta de subcobertura para evitar infiltrações nos forros artísticos e pisos centenários de madeira; remoção de toda a rede elétrica antiga e instalação de nova com projeto de luminotecnia, tanto interna como externamente, para valorização dos seus elementos artísticos; instalação de equipamentos de segurança contra incêndio; reforço metálico de estruturas de piso e cobertura na área do anexo da Irmandade; restauração de esquadrias de madeira (portas e janelas), bem como gradis metálicos.

Além disso, foi efetuada a restauração do forro artístico do átrio (trecho sob o coro), cuja estrutura de sustentação se encontrava em risco de desabamento e cuja pintura artística original estava encoberta sob diversas camadas de repinturas. Outros elementos artísticos também foram objetos de intervenção, merecendo destaque as sanefas e mísulas em madeira dourada, localizadas próximas a esse forro e cujo entalhe e douramento foram restaurados, resgatando toda a sua leitura artística e estilística.  Todo o monumento foi objeto de pintura nas suas alvenarias internas e externas, merecendo destaque as pinturas parietais descobertas através das prospecções efetuadas nas alvenarias internas da nave e capela-mór.

Durante este ano, para a conclusão dos trabalhos, o IPHAN realizou obras de conservação e restauração dos bens móveis e integrados. Foram rastaurados o machetado, a capela-mor, as tribunas, os forros, as imagens de Nossa Senhora das Portas do Céu, Santo Amaro, Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia e os Evangelistas, São Paulo, São Pedro, Santo Eloy, Cristo Crucificado, a pintura paretal da Sala de Consistório, dos alteres colaterais, dos púlpitos, do piso e o ossário composto por lápides.

Estilo do templo

A Igreja São Pedro dos Clérigos pertence à Irmandade também chamada de São Pedro dos Clérigos, que tem como integrantes sacerdotes e diáconos da Arquidiocese de Salvador.

O templo apresenta planta típica das igrejas baianas do começo do século XVIII e sua licença de construção foi concedida em 1709 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vida. A fachada principal é em estilo rococó, muito embora tenha sido edificada no século XIX, após o auge desse estilo artístico. O interior apresenta uma decoração de transição entre o rococó e o neo-clássico, fato comprovado pelo arco cruzeiro e teto que são rococós enquanto os altares já são neoclássicos.





















Fonte: Ascom – IPHAN - BA