Nas obras empreendidas no templo,
o IPHAN aplicou o montante de R$ 2 milhões.
Uma benção apostólica foi ministrada
pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom
Murilo Krieger, nesta quinta-feira (26), às 19 horas, para celebrar a entrega
da Igreja
São Pedro dos Clérigos, após restauração realizada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O templo está localizado no Terreiro de Jesus,
em pleno Centro Histórico de Salvador, área considerada Patrimônio da
Humanidade pela UNESCO.
“É
uma graça para nós essa entrega pelo IPHAN da bela Igreja São Pedro dos
Clérigos, totalmente restaurada. Uma obra dessa é da sociedade e que a igreja
tem a grata satisfação de cuidar desse patrimônio”, destacou Dom Murilo. “O
grande desafio agora é zelar por este patrimônio. O IPHAN tratou da restauração
e agora vem a responsabilidade de manter esse templo sempre em condições de
receber multidões, que vão poder louvar a Deus através da beleza que se ver aqui”,
acrescentou.
Segundo
o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, a igreja além da sua parte
estrutural, arquitetônica, tem uma quantidade de bens integrados muito grande e
uma imaginária rica. “Foi uma obra gratificante, recompensadora, e a primeira
que o IPHAN completa no Terreiro de Jesus. É uma obra para a história, para a
sociedade brasileira, porque a Igreja é patrimônio nacional e, pelo seu valor
histórico, possui dupla inscrição nos livros de tombo - no Livro de História e
no Livro de Belas Artes, dada a alta qualidade do trabalho artístico aqui
executado”, enfatizou.
Obras de conservação e
restauração
Para
garantir a preservação da integridade física e estética que compõe o monumento
tombado em 1941, o IPHAN aplicou o
montante de R$ 2 milhões. As obras de conservação e restauração foram realizadas em várias etapas
devido ao precário estado do templo. Na primeira etapa, foram realizadas obras
para sanar os pontos
mais críticos e que apresentavam riscos para a edificação, como na cobertura substituição do madeiramento
deteriorado pela ação de cupins e umidade, novo telhamento com grampeamento
individual das telhas com fios de aço inox, assentamento de manta de subcobertura
para evitar infiltrações nos forros artísticos e pisos centenários de madeira;
remoção de toda a rede elétrica
antiga e instalação de nova com projeto de luminotecnia, tanto interna como externamente, para valorização
dos seus elementos artísticos; instalação de equipamentos de segurança contra incêndio; reforço metálico de estruturas de piso
e cobertura na área do anexo da Irmandade; restauração de esquadrias de madeira (portas e janelas), bem como gradis metálicos.
Além
disso, foi efetuada a restauração do forro
artístico do átrio (trecho sob o coro), cuja estrutura de sustentação se
encontrava em risco de desabamento e cuja pintura artística original estava
encoberta sob diversas camadas de repinturas. Outros elementos artísticos
também foram objetos de intervenção, merecendo destaque as sanefas e mísulas em madeira dourada,
localizadas próximas a esse forro e cujo entalhe e douramento foram
restaurados, resgatando toda a sua leitura artística e estilística. Todo
o monumento foi objeto de pintura nas
suas alvenarias internas e externas, merecendo destaque as pinturas
parietais descobertas através das prospecções efetuadas nas alvenarias internas
da nave e capela-mór.
Durante este ano, para a conclusão dos
trabalhos, o IPHAN realizou obras de conservação e restauração dos bens móveis
e integrados. Foram rastaurados o machetado, a capela-mor, as tribunas, os
forros, as imagens de Nossa Senhora das Portas do Céu, Santo Amaro, Nossa
Senhora da Conceição, Santa Luzia e os Evangelistas, São Paulo, São Pedro, Santo
Eloy, Cristo Crucificado, a pintura paretal da Sala de Consistório, dos alteres
colaterais, dos púlpitos, do piso e o ossário composto por lápides.
Estilo do templo
Estilo do templo
A
Igreja São Pedro dos Clérigos pertence à Irmandade também chamada de São Pedro
dos Clérigos, que tem como integrantes sacerdotes e diáconos da Arquidiocese de
Salvador.
O
templo apresenta
planta típica das igrejas baianas do começo do século XVIII e sua licença de
construção foi concedida em 1709 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vida.
A fachada principal é em estilo rococó, muito embora tenha sido edificada no
século XIX, após o auge desse estilo artístico. O interior apresenta uma
decoração de transição entre o rococó e o neo-clássico, fato comprovado pelo
arco cruzeiro e teto que são rococós enquanto os altares já são neoclássicos.
Fonte: Ascom – IPHAN - BA