A documentação foi
analisada e as candidaturas apresentadas foram todas aprovadas sem qualquer
reparo ou questionamento
O conjunto de fortificação de Salvador foi incluído pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
na Lista Indicativa brasileira do Patrimônio Mundial de 2015. A iniciativa do
governo brasileiro, por intermédio do Iphan, abrange os fortes de Santo Antônio
da Barra, São Diogo, São Marcelo, Santa Maria, e de Nossa Senhora de Mont Serrat.
Futuramente, poderão ser avaliados pelo Comitê
do Patrimônio Mundial e receberem o título de Patrimônio Mundial.
A presidente do Iphan, Jurema
Machado, deu conhecimento aos membros do Comitê Gestor do Instituto,
sobre a posição
oficial do Secretariado da Convenção do Patrimônio Mundial/UNESCO, quanto à
proposta apresentada para a Atualização da Lista Indicativa Brasileira, a qual
foi enviada recentemente ao Centro do Patrimônio Mundial. As propostas foram
discutidas em oficinas e trabalhadas pelas Superintendências envolvidas e pela
Assessoria de Relações Internacionais (ARIN/Iphan), em 2014/2015. A
documentação foi analisada pelo Secretariado e pelo Órgão Consultivo, cujas
candidaturas apresentadas foram todas aprovadas sem qualquer reparo ou
questionamento.
A Lista
Indicativa brasileira, que consta de 24 bens no total, funciona como um
instrumento de planejamento de preparação de candidaturas, assemelhando-se a um
inventário, e é composta pela indicação de bens culturais, naturais e
mistos, apresentados pelos países que ratificaram a Convenção do Patrimônio
Mundial da Unesco. “Essa iniciativa pode ensejar a participação de gestores de
sítios, autoridades locais e regionais, comunidades locais, ONGs e outros
interessados na preservação do patrimônio cultural e natural do país, destacou
o assessor da ARIN/Iphan, Marcelo Brito. Na lista estão os Geoglifos do Acre (AC), Teatros da Amazônia (AM, PA), Itacoatiaras do Rio Ingá (PB), Barragem do Cedro nos Monólitos
de Quixadá (CE), Sítio Roberto Burle Marx (RJ)
e o Conjunto de Fortificações do Brasil (AP, AM, RO, MS, SP, SC, RJ,
BA, PE, RN).
Conjunto de Fortificações
do Brasil
O conjunto de fortificações
do Brasil apresenta-se como um testemunho material único de um contato
produzido entre diferentes culturas do Velho e do Novo Mundo. As fortificações,
edificadas em resposta a esses contatos, marcam o sucesso de uma fórmula singular
de ocupação do território, onde os moradores do Brasil tiveram um papel mais
fundamental do que a ação dos governos das metrópoles do Velho Mundo, ao
contrário do que ocorreu em outras colônias europeias no resto do mundo.
As construções feitas com o
objetivo de garantir a posse e a segurança dos novos territórios formam um
conjunto sem semelhança a outros sistemas fortificados edificados no mesmo
período em outros lugares do mundo, tendo um importante papel na ocupação
territorial da América do Sul.
Na lista, a Bahia comparece
com o maior número de fortes. Também serão contemplados a Fortaleza de São
José, em Macapá (AP); o Forte Coimbra, em Corumbá (MS); Forte de Príncipe da
Beira, em Costa Marques (RO); a Fortaleza dos Reis Magos, em Natal (RN); o
Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB); o Forte de Santa Cruz (Forte
Orange), em Itamaracá (PE); o Forte São João Batista do Brum, no Recife (PE); o
Forte São Tiago das Cinco Pontas, no Recife (PE); a Fortaleza de Santa Cruz da
Barra, em Niterói (RJ); a Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ); a
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP); o Forte São João, em
Bertioga (SP); a Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso
Ramos (SC); e o Forte de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC).
Fortes baianos
Forte
de Nossa Senhora de Monte Serrat
construído em 1582, é um forte de transição, com algumas características de um
castelo Medieval, com seus grandes torreões nos ângulos salientes, mas tendo
uma plataforma já adaptada ao uso de canhões e um quartel exposto na parte
posterior das muralhas. Participou de combates contra corsários ingleses e
holandeses em 1587, 1599, 1604 e 1627. Foi tomado pela frota da Companhia das
Índias Ocidentais Holandesa em 1624, servindo de ponto de resistência dos
neerlandeses contra os habitantes locais, no cerco feito pelos moradores de
Salvador. Retomado em 1625, seria novamente atacado e tomado por um curto
espaço de tempo pelos holandeses em 1638, participando ainda dos combates
contra as frotas da Companhia das Índias Ocidentais, em 1647. Nesses períodos
de conflito, sempre foi guarnecido por milícias de moradores baianos. É
administrada atualmente pelo Exército. Tombamento federal de 1957.
Forte
de Santo Antônio da Barra
é um decágono irregular em tenalhas, com um grande quartel sobre suas muralhas.
Edificado no lugar da segunda povoação lusitana de Salvador, erguida em 1534,
mas que teve que ser evacuada por causa da resistência dos nativos, foi
reerguido a partir de 1582, logo após a União das Coroas de Portugal e Espanha
(1580-1640), quando o risco de um ataque das potências europeias aumentou
muito. Fazia parte das defesas complementares de Salvador, tendo participado
dos combates contra os corsários ingleses e holandeses, que marcaria a história
da cidade no final do século XVI e início do XVII. Hoje em dia é um museu da
Marinha. Tombamento federal de 1938.
Forte
de Santa Maria, em 1625
uma frota, com mais de dez mil homens, de tropas espanholas, italianas e
portuguesas veio para Salvador, para retomar a cidade, ocupado pelas forças da
Companhia das Índias Ocidentais Holandesa, pois se considerava a Bahia como a
chave da colônia lusitana nas Américas. O primeiro forte de Santa Maria foi 4
erguido logo depois da reconquista, para defender o pequeno porto, onde os
holandeses tinham desembarcado no ano anterior e que foi novamente usado para
atacar a cidade em 1625. A obra atual é resultado de uma reconstrução de 1694,
tendo o formato de um retângulo com muralhas em uma linha de tenalhas muito
suave e um quartel elevado sobre as muralhas, como é típico da arquitetura
militar da Bahia. Pertence ao Exército, que a mantém. Tombamento federal de
1938.
Forte
de São Diogo, parte do
complexo barra de Salvador, junto com os de Santo Antônio e Santa Maria, também
foi erguido em 1625 e reconstruído em 1694, na forma de uma bateria
semicircular, com seu quartel na encosta do morro onde está situado e onde foi
fundada a primeira povoação portuguesa da Bahia. Esta teve que ser abandonada
em 1534, por causa da resistência dos nativos. Na pequena enseada na sua frente
desembarcaram os holandeses em 1624 e as forças hispano-ítalo-lusitanas no ano
seguinte, que lhes expulsaram os holandeses. É propriedade do Exército.
Tombamento federal de 1954.
Forte
São Marcelo, conhecido
como Forte de Nossa Senhora do Pópulo e São Marcelo ou como Forte do Mar. Foi
construído afastado da costa por receio dos portugueses de novas invasões
holandesas. Sua função era impedir a entrada no porto de Salvador, cruzando
fogo com os fortes de São Francisco, São Felipe e São Paulo da Gamboa.
Influenciado pelo desenho do Forte do Bugio, na barra do Tejo, sua construção
se estendeu até o século XVIII, tendo dela participado o engenheiro francês
Felipe Guiton e seu conterrâneo o engenheiro Pedro Garcin. A planta circular é
constituída por um torreão central envolvido por um anel de igual altura,
formado pelo terrapleno perimetral e quartéis. Em cantaria de arenito, possui
teto em abóboda de berço. Trata-se do único exemplar ainda existente de forte
circular no país. É de propriedade do IPHAN, que está promovendo obras de
restauração no monumento. Tombamento Federal de 1938.
Confira a Lista Indicativa Brasileira
do Patrimônio Mundial de 2015, na
íntegra aqui
Fotos: reprodução
Fonte: Ascom – Iphan - Bahia