Com
o objetivo de garantir a preservação da integridade física e estética que
compõe o monumento tombado em 1941, foi aplicado o montante de R$ 2 milhões
A
Igreja São Pedro dos Clérigos, localizada no Terreiro de Jesus, em pleno Centro
Histórico de Salvador, área considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO,
será entregue aos baianos pelo IPHAN totalmente restaurada, no próximo mês de
junho. Para
a
realização das obras de conservação e restauração empreendidas no templo, o Instituto
aplicou o montante de R$ 2 milhões.
A
Igreja pertence à Irmandade também chamada de São Pedro dos Clérigos, que tem
como integrantes sacerdotes e diáconos da Arquidiocese de Salvador. O monumento
é individualmente tombado pelo IPHAN desde 1941 e, devido a sua importância,
possui dupla inscrição nos livros de tombo: no Livro de História e no livro de
Belas Artes.
O
templo encontrava-se bastante degradado nos aspectos físicos, sem manutenção e
precário estado de conservação. Na primeira etapa, foram realizadas obras para
sanar os pontos
mais críticos e que apresentavam riscos para a edificação, como na cobertura substituição do madeiramento
deteriorado pela ação de cupins e umidade, novo telhamento com grampeamento
individual das telhas com fios de aço inox, assentamento de manta de subcobertura
para evitar infiltrações nos forros artísticos e pisos centenários de madeira;
remoção de toda a rede elétrica
antiga e instalação de nova com projeto de luminotecnia, tanto interna como externamente, para valorização
dos seus elementos artísticos; instalação de equipamentos de segurança contra incêndio; reforço metálico de estruturas de piso
e cobertura na área do anexo da Irmandade; restauração de esquadrias de madeira (portas e janelas), bem como gradis metálicos.
Além
disso, foi efetuada a restauração do forro
artístico do átrio (trecho sob o coro), cuja estrutura de sustentação se
encontrava em risco de desabamento e cuja pintura artística original estava
encoberta sob diversas camadas de repinturas. Outros elementos artísticos
também foram objetos de intervenção, merecendo destaque as sanefas e mísulas em madeira dourada,
localizadas próximas a esse forro e cujo entalhe e douramento foram
restaurados, resgatando toda a sua leitura artística e estilística. Todo
o monumento foi objeto de pintura nas
suas alvenarias internas e externas, merecendo destaque as pinturas
parietais descobertas através das prospecções efetuadas nas alvenarias internas
da nave e capela-mor.
No início
deste ano, para a conclusão dos trabalhos, o IPHAN assinou a ordem de serviço
para as obras de conservação e restauração dos bens móveis e integrados, que
envolvem recursos de R$ 507 mil. Os trabalhos foram contratados junto à Mehlen
Construções Ltda, vencedora do certame, que disponibilizou uma equipe
de 11 profissionais, com especialização em restauração.
No
período destes 40 dias, já foram restaurados o machetado, a capela-mor, as
tribunas, os forros, as imagens de Nossa Senhora das Portas do Céu, Santo
Amaro, Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia e os Evangelistas. Estão em
restauros as imagens de São Paulo, São Pedro, Santo Eloy, Cristo Crucificado, a
pintura paretal da Sala de Consistório, os alteres colaterais, os púlpitos, o
piso e o ossário composto por lápides. Algumas peças singulares foram
encontradas pelos profissionais em total abandono, como uma tela de um bispo
ainda não identificado, uma caixa de órgão que foi adaptado para um tipo de
armário.
Estilo
do templo
A
Igreja São Pedro dos Clérigos apresenta planta típica das igrejas baianas do
começo do século XVIII. A licença de construção foi concedida em
1709 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vida para os integrantes da
Irmandade de São Pedro dos Clérigos. Construída em alvenaria de pedra e
tijolos, apresenta planta típica das igrejas baianas do começo do século XVIII,
com corredores laterais superpostos por tribunas. A fachada principal é em
estilo rococó, muito embora tenha sido edificada no século XIX, após o auge
desse estilo artístico. O interior apresenta uma decoração de transição entre o
rococó e o neo-clássico, fato comprovado pelo arco cruzeiro e teto que são
rococós enquanto os altares já são neoclássicos.
Fotos
e vídeo feitos pela Ascom, na última sexta-feira (14), durante a fiscalização
realizada pelo restaurador da Superintendência do IPHAN-BA, Joel Veloso.
Texto:
Ascom – IPHAN-BA