Monumento natural de
excepcional beleza e um dos principais símbolos do patrimônio paisagístico da
Chapada Diamantina
Uma das atrações mais visitadas do Parque Nacional da
Chapada Diamantina, na Bahia, o Morro do
Pai Inácio completou 15 anos de tombamento federal. Situado no município de Palmeiras, às margens da BR-242,
foi inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico no dia
05 de maio de 2000. O Morro é parte integrante de uma das mais
grandiosas e imponentes paisagens nacionais, único acidente de relevo local
acessível ao observador, o que lhe conferiu o papel de mirante, ponto
obrigatório dos roteiros turísticos regionais.
Monumento
natural, ecológico, paisagístico e geomorfológico muito importante para todo o
Brasil, o Morro do Pai Inácio já foi alvo de depredações diversas, dentre as
quais alargamento de trilhas, desmatamento de vegetação rupestre nativas e
edificações visualmente poluidoras do excepcional acervo paisagístico. Em
agosto de 1995, devido às ameaças, o Movimento Avante Lençóis encaminhou ao
Iphan a proposta de tombamento, com mais de mil assinaturas de pessoas das mais
diversas partes do mundo.
O Iphan, autarquia federal
destinada à proteção do patrimônio cultural, procedeu a abertura do processo de
tombamento número 1.356-T-95, visando a proteção do Morro do Pai Inácio,
monumento natural de excepcional beleza e um dos principais símbolos do
patrimônio paisagístico da Chapada Diamantina. Por unanimidade, o Conselho Consultivo de Patrimônio Cultural, em sua 17ª.
reunião, realizada no dia 15 de junho de 1999, considerou o Morro Patrimônio Cultural Brasileiro.
O
superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, informou que o Morro do Pai
Inácio, em vista da existência de ameaça, teve tratamento prioritário pelo
Departamento de Proteção do Iphan, sendo o seu tombamento uma ação de urgência.
“Paisagem de indiscutível beleza estética, o Morro do Pai Inácio tem relevante
valor simbólico e cultural, compondo um conjunto cênico grandioso”, destacou.
O
parecer técnico final, elaborado pelo arquiteto Carlos Fernando de Moura
Delphim, responsável pela Área de Proteção Natural e Arqueológico do Iphan,
levou em consideração os aspectos dos pontos de vista paisagísticos, ecológico
e simbólico. Segundo ele “em um mundo cada vez mais ameaçado pela destruição
dos valores originais, quando o crescente afastamento do homem da natureza
coloca em risco todo legado material e imaterial do planeta, preservar
fragmentos de paisagens paradisíacas é preservar muito mais do que valores
físicos e biológicos: é preservar condições para que se manifestem os mais
elevados sentimentos humanos, é permitir que se possa evocar estados que, no conturbado ambiente do
mundo moderno, se tornam, cada vez mais, inacessível ao homem. A experiência da
contemplação da Beleza é um direito da humanidade, condição da grandeza
humana”.
A lenda do escravo
foragido pai Inácio
Pai
Inácio foi um escravo ao qual se atribui um lendário acontecimento. Foragido
naquelas paragens, é descoberto, perseguido e acuado no topo do morro. Munido
apenas de um guarda-sol, entre a certeza dos grilhões e o sonho da liberdade,
atira-se no abismo, única forma de escapar de seus opressores. Consta que, de
forma onipotente, se salvou mas desde então o Morro do Pai Inácio se impregnou
de um sentido mais grandioso que o torna distinto de qualquer outro morro da
Chapada Diamantina. Esta lenda adquiriu uma força simbólica que acabou de se
impregnar ao local, emprestando-lhe o nome a posteridade.
Foto:
Reprodução
Fonte:
Ascom – Iphan - Ba