Um
dos terreiros mais importantes do país, o Ilê Iyá Omin Axé Iyámassê, também conhecido como Terreiro do Gantois, realizou no sábado, dia
30, uma grande celebração festiva e religiosa. Foram vários os motivos: comemoração
dos 13 anos de Mãe Carmem como yalorixá do espaço de culto afro-brasileiro, a
reinauguração da Praça Pulchéria, e um novo gradil em volta do templo instalado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Outro
presente também importante, foi o lançamento do site
terreirodogantois.com.br, que trará informações sobre a casa, seu funcionamento,
história e novidades.
A programação começou com
o descerramento das placas e continuou no barracão com discursos, saudações dos
atabaques e apresentação do Coral Ecumênico da Bahia. Estiveram
presentes no evento superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, o prefeito de
Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, o presidente da Câmara Municipal,
Paulo Câmera, o vereador Edvaldo Brito, o deputado federal Antonio Imbassahy, o
conselheiro do Iphan e presidente da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), Luiz
Viana Queiroz, o diretor do
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), João Carlos de Oliveira, entre outras
autoridades políticas, religiosas e da comunidade que frequenta o Gantois.
Além do gradil, idealizado pela Iyá Kekerê
Ângela Ferreira com design em folhas, elementos dos Orixás e
identitários da religião, o Iphan promoveu intervenções na área reservada do
Terreiro do Gantois, onde ficam instalações importantes para o culto. “Valorizar e requalificar
espaços como esse são processos fundamentais para o resgate da nossa história,
cultura e identidade. É um reconhecimento do que tem excepcional valor",
destacou Carlos Amorim.
O prefeito ACM Neto
ressaltou que para a cidade é fundamental ter seu patrimônio preservado e seus
espaços públicos bem cuidado. A prefeitura trocou todo o piso da Praça
Pulchéria, mas manteve as características originais do espaço, assim como os
mosaicos. “Todos somos devedores e a cidade agradece que a parceria entre a
Prefeitura e o Iphan resulte em ações como essa e inúmeras outras",
afirmou ACM Neto.
Mãe Carmen, Iyalorixá do
terreiro, agradeceu o empenho da Prefeitura e do Iphan. "Esse momento é de
festa. Agora vamos poder receber melhor as pessoas aqui. Pessoas do mundo
inteiro. Esse é um espaço da identidade da Bahia", disse. “Eu só tenho a
agradecer a meu pai Oxalá e aos orixás que têm me dado força e discernimento
para fazer tantas coisas”, completou emocionada.
Terreiro do Gantois é um dos oito
tombados pelo Iphan no Brasil
O Ilê Iyá Omin Axé Iyámassê foi
fundado em 1789, por Maria Julia da Conceição, após a morte da mãe de
santo, Iyá Marcelina que comandava o terreiro da Casa Branca. Com a morte da
ialorixá suas duas filhas Maria Júlia da Conceição e Maria Julia Figueiredo
disputaram a chefia do candomblé. A liderança da casa coube à Maria Julia
Figueiredo, já que era a substituta legal. Com esta decisão, Maria Julia da
Conceição afasta-se do terreiro com alguns dissidentes e funda o Terreiro do
Gantois, na Rua Mãe Menininha do Gantois, s/n (antigo Alto do
Gantois), bairro da Federação, Salvador.
Seu nome africano, Ilê Axé Iyá Omin
Iyamassê, faz alusão a uma divindade feminina, senhora das águas. Já o nome em
português refere-se ao antigo proprietário do terreno onde está estabelecido o
terreiro: um europeu chamado Gantois.
Dentre as Ialorixás do Gantois,
sobressai-se Mãe Menininha do Gantois, que presidiu a casa por sessenta anos e
ganhou reconhecimento e destaque como liderança religiosa no país. Maria
Escolástica Nazaré, a festejada Mãe Menininha do Gantois, a “Oxum mais bonita”,
foi cantada em verso e prosa mas, acima de tudo, respeitada e reverenciada.
Em 2000, foi solicitada a proteção em
âmbito federal da área delimitada pela Lei Municipal, visando garantir sua
integridade, ameaçada por invasões territoriais incompatíveis com a prática,
conforme consta no pedido assinado por Mônica Millet, neta de Mãe Menininha do
Gantois.
Em 17 de dezembro de 2002 o
tombamento do Terreiro é aprovado para inscrição nos Livros do Tombo
Histórico e do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
do Iphan e homologado em 2005. Um reconhecimento de sua importância para o
país e um meio de salvaguardar seu espaço físico e, consequentemente,
simbólico.
Veja também reportagem da Tv Bahia.
Fonte: Ascom – Iphan - Ba