Conhecer e preservar é dever de todos
Hoje é um
dia muito especial, pois sinaliza para a necessidade de uma atitude que todo
país deve ter: cuidar de sua história, de sua identidade e de sua memória. Hoje
é Dia Nacional do Patrimônio Histórico. No Brasil, esta comemoração se dá em 17
de agosto porque, nesta data, nasceu o historiador e jornalista Rodrigo Mello
Franco de Andrade que trabalhou no Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN – desde que Getúlio Vargas o criou, até os últimos
dias de sua vida. Dirigir esta instituição, que tem por objetivo promover e
coordenar o processo de preservação do patrimônio cultural brasileiro,
tornou-se a sua paixão, daí a justa homenagem.
Patrimônio é um conjunto de bens
materiais, naturais ou imóveis que possui importância artística, cultural,
religiosa, documental ou estética e que conta a história de um povo através de
sua arquitetura, vestes, acessórios, mobílias, obras de arte, documentos. É o
legado que herdamos do passado e que passamos a gerações futuras. A origem da
palavra patrimônio já articula o seu significado: ela vem do latim,
patrimonium, e se define como “herança, propriedade paternal”. É mundial a
preocupação de conservar os patrimônios para que a história da humanidade não
se perca. A fim de manter vivas as produções erigidas pelo homem através dos
tempos, criaram-se leis para que as obras históricas pudessem manter suas
características originais. A UNESCO é o órgão que cuida da proteção mundial de
tais obras.
Estes patrimônios históricos, por
sua beleza e pelo sangue que corre em suas arquiteturas, passam a fazer parte
da memória coletiva de um povo, traçam sua identidade e evocam lembranças
capazes de aflorar sensações que fazem reviver fatos que, de certa forma,
explica a realidade presente. O que dizer da Gruta de Lascaux, na França, com
suas pinturas rupestres que datam de cerca de 17.000 anos a.C., origem de uma
das maiores invenções da humanidade: a escrita? O que dizer, também, da única
das sete maravilhas do mundo antigo que ainda resiste ao tempo, a maior pirâmide
do Egito, Quéops, construída há mais de 2550 anos a.C?
No Brasil, há dezenove sítios
considerados Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, dentre os mais de
seiscentos eleitos pela UNESCO em todo o mundo, que precisam e devem ser
preservados. Dentre eles, estão: a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, o
primeiro sítio a receber o título; o Parque Nacional da Serra da Capivara, no
Piauí, considerado o maior museu pré-histórico ao ar livre do mundo, com cerca
de 33.000 pinturas rupestres; a cidade do Rio de Janeiro, escolhida como
Patrimônio Cultural da Humanidade, tornando-se a primeira do mundo a receber o
título na categoria Paisagem Cultural, conceito adotado pela UNESCO em 1992.
Quanta narrativa de vida se perderia se não conhecêssemos estes lugares de
memória e quanto conhecimento humano se perde quando se arruínam patrimônios
históricos?
Muitas outras relíquias guardam o
Brasil e o mundo para preservar e lustrar a memória da humanidade. Penso que os
homens produziram estas maravilhas, não somente para perpetuarem-se na sua
descendência, mas também para imortalizarem-se, para driblar a implacabilidade
do tempo e tornarem-se eternos.
Cuidemos de nossa eternidade!
Cuidemos de nossa eternidade!
Artigo da professora
Marlene Salgado de Oliveira - mestre em Educação pela UFF, doutorada em
Educação pela UNED (Espanha) e membro de diversas organizações nacionais e
internacionais.